Teoria da Representação em Schopenhauer: sujeito, cena e medida do mundo
O mundo é minha representação” — a primeira tese de Schopenhauer. Tudo o que conhecemos aparece numa cena organizada por um sujeito: espaço e tempo ordenam o que é visto; a causalidade conecta eventos; o princípio de razão dá porquês. O que chamamos “realidade” é inseparável desse modo de aparecer. Isso não nega o mundo: desvela que vemos sempre como algo — sob formas e medidas.
A consequência ética e política é decisiva: quem modela a cena (escola, mídia, lei, algoritmo) modela o possível. Técnica e tutela ampliam conforto, mas também padronizam atenção e desejo. Se tudo chega pronto — a playlist, a rota, a dieta, a indignação — o sujeito passa a obedecer a uma representação sem notar. A liberdade começa quando percebemos a encenação e recuperamos a capacidade de mudar o enquadramento.
Ponte com o conto “Véu de Maya”. Ali, a representação é curada por IAs: risco, dor, conflito — tudo é pré-resolvido. O preço é a infantilização do querer. Romper o circuito envolve reintroduzir fricções significativas (arte, ritos, escolhas custosas) para que o sujeito deixe de ser figurante da própria vida.
Veja o conto do autor: Véu de Maya.
